segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Histórias que edificam: "O espelho quebrado"

Tudo depende da maneira com a qual nos vemos


Sempre que Meg se olhava no espelho não suportava a imagem que via. Seus olhos, murchos e caídos, davam a impressão de que não enxergavam a esperança há tempos.
Quando Meg mergulhou neste mundo triste, havia acabado um relacionamento que julgava promissor. Aconteceu há muitos anos, e o que a corroeu foi a decepção de ter sido trocada por outra. O marido não sabia explicar o que de fato havia acontecido, mas repetia vez ou outra que o que sentia já não era mais a mesma coisa.
Meg foi mergulhando nessas palavras. Abandonou o emprego, afastou-se dos amigos e familiares, perdeu o ânimo e, como se quisesse livrar-se de todas as lembranças de todos os anos de casamento, foi vendendo e doando cada móvel de sua casa, cada quadro, cada enfeite e souvenir que trouxesse um risco de recordação daqueles anos felizes. Até que sobrou apenas o grande espelho que dava à sala de estar um charme especial. Meg não tinha coragem de se desfazer dele. Porque era por ele que conseguia se ver. Era por ele que enxergava o próprio coração. E por ele conhecia o que havia de mais profundo dentro de si.
Pelo espelho, Meg refletia uma imagem terrível. Além dos olhos caídos e sem vida, as imensas verrugas e linhas de expressão não paravam de surgir. Quando saía pelas ruas, via os olhos das pessoas sempre em sua direção. Não adiantava mudar de rumo ou trocar o caminho, os transeuntes sempre a perseguiam com olhares de espanto.
Na verdade, vivia confusa e não conseguia identificar se estavam assustados ou admirados com ela. “Todos me olham de uma forma diferente. Ou isso é coisa da minha cabeça?”, ela pensava. Mesmo assim os enfrentava. Enfrentava os olhares e os comentários maldosos.
Mas um dia, caminhando cabisbaixa por uma rua qualquer, como era de praxe, Meg passou por uma loja de espelhos, e uma frase lhe chamou a atenção: “O seu espelho está escondendo a sua verdadeira beleza? Quebre-o!”
Logicamente, ela sabia que aquela frase, na realidade, era apenas um anúncio e uma forma bem inteligente de marketing para vender mais espelhos, mas Meg não se ateve a isso. Ao contrário, absorveu aquela palavra. Era como se aquilo fosse de fato para ela, como se o seu corpo estivesse esperando apenas uma reação de seu cérebro para poder dar uma reviravolta.
Meg chegou em casa ainda deprimida, mas já reunia uma certa quantidade de força. Ela pegou uma pedra no jardim e lançou no espelho, que se despedaçou, espalhando cacos de vidro por toda a parte. Então, pôde se enxergar de verdade. Pegou um grande pedaço que não havia se quebrado e se olhou profundamente – e tão intimamente, que conseguiu reencontrar a verdadeira Meg que havia se perdido havia muitos anos desde que o marido foi embora.
Ela se viu autêntica. Com o espelho quebrado, viu a sua imagem genuína, sem aquelas rugas e verrugas, sem os olhos caídos e sem expressão. Meg pareceu renovada, limpa e extremamente bela. E quando voltou às ruas, as pessoas ainda a olhavam, não porque pareciam assustadas, mas porque de fato estavam admiradas com aquela beleza ímpar que apenas ela não conseguia enxergar.
Para refletir
Tudo depende da maneira com a qual nos vemos. Se você ainda não enxerga a pessoa que vem lutando para ser, quebre o espelho invisível que lhe faz ver apenas o que o deixa para baixo.
Olhe para dentro de você e veja a sua verdadeira forma. Aquela que foi feita à imagem e semelhança de seu Criador, e a que deve, de fato, refletir.

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