domingo, 21 de outubro de 2012



Senhor bispo Macedo,
A manhã de 16 de outubro marcou a minha vida.
Quando ouvi falar que o senhor viria pessoalmente ao nosso presídio para lançar seu livro "Nada a Perder", confesso que duvidei...
O bispo Macedo aqui neste lugar?
Um líder com a importância dele no meio de quem é mais rejeitado neste mundo?
Foi quando, por volta das 10 da manhã, vi o senhor atravessando os portões do pátio da cadeia.
Meu coração bateu mais forte!
Não exatamente por idolatrar a sua figura, mas por pensar o que isso significa para nós, que somos considerados o "lixo da sociedade".
Vivi 15 anos no mundo do crime. Pratiquei tantas barbaridades que tenho até vergonha de contar. Vergonha de mim mesmo.
Há quatro anos, decidi me converter dentro da cadeia. Estou lutando para nascer de novo.
As histórias de abandono se multiplicam na cadeia. Muitos colegas foram rejeitados pela própria mulher, pelos filhos, pelo pai e pela mãe.
Grande parte não recebe sequer uma visita. Ninguém. É possível imaginar o tamanho dessa dor?
Mas o senhor, mesmo sem nos conhecer, veio nos visitar para lançar seu livro de memórias. Não tenho palavras para expressar meu agradecimento.
Agora, o que vamos fazer é espalhar os livros por cada canto do presídio.
Vamos fazer "Nada a Perder" correr nas demais celas, nas enfermarias e nas "solitárias", os isolamentos onde ficam os presos de castigo.
Já estou com minhas "armas da fé" em punho: dezenas de exemplares da biografia doados pelos voluntários da Igreja.
A sua imagem, orando de mãos dadas com todos nós, nunca vai sair da minha cabeça.
Uma frase dita pelo senhor ficou marcada: "Se ninguém lá fora quer vocês, nós da Igreja Universal queremos!"
Eu também quero a Igreja Universal. Eu quero Deus.
Quero dar a volta por cima. Quero recomeçar.
Hoje, Deus e a visita do senhor renovaram minhas forças para seguir esse caminho.
Dirceu Aparecido de Oliveira, 33 anos, condenado a 24 anos de prisão, Centro de Detenção de Pinheiros (São Paulo)

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